sexta-feira, 13 de abril de 2012

Há 100 anos encantando o mundo, Santos torna-se centenário

O dia 14 de abril é uma data de comemoração no futebol e neste 2012 o dia se torna ainda mais importante. Há exatos 100 anos, na Rua do Rosário, nº 18, era fundado o Santos Futebol Clube, uma das principais e mais conhecidas equipes do planeta.

Se o primeiro hino do clube diz que “nascer, viver e no Santos morrer é um orgulho que nem todos podem ter”, fato é que aqueles amantes do esporte mais popular do mundo devem sentir-se honrados de poder ter visto, ao menos uma vez, alguma geração dos meninos da Vila transformar o futebol em um verdadeiro espetáculo, enchendo os olhos de torcedores dos mais diversos clubes.


Vencedor desde seus primórdios, o Santos produziu nos anos 60 uma das melhores equipes que o planeta já viu jogar. Juntos, atletas como Dorval, Mengálvio, Coutinho e Pepe eram peças fundamentais naquele time que pode ser tratado como um reino, já que abrigou Pelé, o rei do futebol, e o fez o maior jogador de todos os tempos. As décadas de 50 e 60 e o início de 70 foram gloriosos de tal modo que se tornaram uma era. A história do Santos foi então dividida entre o antes, durante e depois de Pelé.
Após o adeus do rei, os títulos expressivos diminuíram, porém continuaram constantes na história do clube. Em 1984, por exemplo, o Santos ganhava seu 14º título paulista da história e Serginho Chulapa, ao lado de João Paulo o maior artilheiro da história do clube pós Pelé, escrevia de vez seu nome na trajetória do time.

Os anos 90 foram sem dúvidas os piores da história do clube, porém não impediram que um ídolo aparecesse com a mística camisa 10. Vindo do norte do país e sem muito alarde, Giovanni conduziu o time santista ao vice-campeonato brasileiro de 1995 e ganhou, por parte da torcida, o status de salvador ou, como ficou conhecido, tornou-se o Messias da Vila Belmiro.

O mundo celebrava a chegada de um novo milênio e o Santos respirava novos ares. Contrariando o dito popular que garante a impossibilidade de um raio cair mais de uma vez no mesmo lugar, o torcedor santista via seu time ser formado por mais uma geração de Meninos da Vila e, comandados por Diego e Robinho, comemorou a conquista, à pedaladas, do Campeonato Brasileiro de 2002.

Ainda sob a batuta de Robinho, o santista viu seu time superar as mais diversas adversidades e conquistar, de forma inquestionável, o Campeonato Brasileiro de 2004, após uma disputa ponto a ponto com o Atlético Paranaense.

Um raio cair duas vezes no mesmo lugar é complicadíssimo e três deveria ser impossível. Deveria, pois para o Santos não é. Em 2009 começava a surgir na baixada santista mais uma geração de meninos da Vila. Com o talento de Neymar e a técnica apurada de Paulo Henrique Ganso, um time repleto de jogadores da base foi montado e, após um ano ganhando maturidade, a equipe se tornou uma das melhores do mundo, conquistando dois Campeonatos Paulista e a terceira Copa Libertadores da América da história do clube.

Confira abaixo fatos e personagens marcantes da centenária história do Santos Futebol Clube.

Pelé

Uma palavra de apenas quatro letras que deixou de ser o simples apelido de Edson Arantes do Nascimento para se tornar sinônimo de pessoas extremamente competentes naquilo que fazem.


Nascido na cidade mineira de Três Corações, o jovem Pelé chegou ao Santos em 8 de agosto de 1956, aos 15 anos e tinha aspirações modestas. Ter a história que construiu no Santos era algo inimaginável, como garante o próprio. “Jamais imaginei. Quando era garoto queria apenas jogar como o meu pai, o Dondinho”.

O sonho modesto se tornou uma realidade gigantesca e o jovem Pelé foi o símbolo maior de um dos melhores times que o futebol mundial já viu, encantando pessoas que viviam muito além dos 271km² da cidade de Santos.
Fazendo a camisa 10 se tornar parte de si, o rei reinou no Santos em 1.116 oportunidades, chegando a incrível marca de 1.091 gols apenas pelo clube santista. Sua passagem pelo time aconteceu de 1956 até 1974.

Com uma simplicidade só demonstrada por gênios, Pelé falou sobre sua emoção de fazer parte da história santista e deixou um recado aos torcedores. “É uma emoção muito grande fazer parte desta história. Como todos sabem, cheguei ao Santos com 15 anos, por isso já sou parte de 50% dessa maravilhosa história. Essa já é a quarta geração de santistas que me acompanha e eu agradeço de todo o amor e carinho o que eles tem por mim”.


O maior artilheiro humano da história

O maior artilheiro humano da história do Santos. É assim que José Macia, o Pepe, se define. A explicação para a inusitada definição é muito simples. Para o simpático e brincalhão ex-jogador, Pelé era de outro planeta, por isso não deve ser levado em conta.


Natural de Santos, Pepe, o canhão da Vila, ostenta até hoje o título de segundo maior artilheiro da história do Santos Futebol Clube, com 405 gols. Sua passagem pelo clube durou nada menos do que 15 anos.
Seu currículo como jogador se resume apenas ao time paulista e Pepe se orgulha disso. “Só joguei no Santos, fui jogador de uma camisa só. Escolhi, podia ter ido ir para a Europa, ir para outro time, mas joguei no Santos. Isso é muito importante pra mim até hoje”.

Também integrante do time dos anos 60, Pepe recorda bem a época. “Foi maravilhoso, conseguimos fazer o Santos virar o maior time do planeta. Em 1955 já conseguimos ganhar o primeiro título, com um gol meu na final e em 56 veio o Pelé. Aí vocês já sabem o resto da história”.

Constantemente homenageado pelo clube, Pepe mostrou sua gratidão e deixou um recado. “É uma grande honra ver os 100 anos do meu clube e ser reverenciado. Santos e Pepe se misturam em uma palavra só. Lá fui chamado de menino de ouro. Deixo um grande abraço para todos e fico feliz em participar desta história”.

O melhor parceiro de Pelé

Também integrante do time que encantou o mundo, Coutinho foi reconhecido pelo próprio Pelé como o melhor parceiro que já teve em sua carreira. Para o rei, dentro da área, Coutinho era por vezes até melhor que ele.


Durante os nove anos que vestiu a camisa 9 santista, Coutinho balançou as redes 370 vezes, tornado-se o terceiro maior artilheiro da história. Nas 457 oportunidades que esteve em campo, conquistou 22 títulos.
As recordações da época em que vestia a camisa alvinegra são as melhores para o eterno centroavante. “Todos os momentos foram marcantes, desde que eu estreei até quando eu parei, porque tudo o que jogamos, nós conseguimos ganhar”, resume o ídolo santista.

Melhor lateral-direito dos cem anos

A melhor equipe do planeta deve contar com os melhores jogadores do mundo e com o Santos não é diferente. O clube pode se orgulhar de ter visto Carlos Alberto Torres, o eterno capita, defender o alvinegro nas décadas de 60 e 70.


Para o ex-jogador, defender o Santos foi uma verdadeira honra. “Naquela época o Santos era considerado o melhor time do mundo e jogar ali foi um sonho. É como jogar no Barcelona ou Manchester United hoje em dia e eu, ainda garoto, fui contratado para defender o Santos. Foi um marco na minha carreira. Além disso, pude usar a braçadeira de capitão, que anos depois me acompanhou na conquista da Copa do Mundo de 1970”.
Conhecido em todo o planeta, Carlos Alberto Torres não tem dúvidas que aquele Santos foi um dos maiores times que o mundo já pôde ver. “Sem dúvida nenhuma foi uma das maiores equipes que o futebol já viu. Até hoje você vai para qualquer lugar do mundo e as pessoas sabem quem é o Santos. Foi, sem dúvidas, o melhor time que joguei”.

Ele ainda aproveitou para deixar um recado aos torcedores. “Quero deixar meus parabéns ao clube pelo centenário e pelas grandes histórias que produziu. Também quero fazer um apelo para que os torcedores sigam apoiando o clube e o time, principalmente a instituição”.

A segurança de Corró

Apesar de sempre ser conhecido pelo seu futebol ofensivo, o Santos tinha craques em todas as posições e grande parte do sucesso da equipe que encantou o mundo passou pela segurança do volante Clodoaldo, o Corró.


O jogador chegou ao Santos em 1965 e dois anos depois já assumia a camisa 5 da equipe. Clodoaldo recordou a época. “Quando eu cheguei só tinha fera. Tinha um tal de Zito, um tal de Lima, um tal de Mengálvio, entre outros. Era muita gente boa. Foi uma safra fantástica e que tinha o Pelé, que é o maior de todos os tempos e eu tenho a maior honra de ter jogado ao lado deste mito. Me sinto muito orgulhoso por participar de tudo isso, do time que chegou a parar uma guerra para assistirem jogar”.

Santista assumido, ele deixou uma mensagem ao torcedor. “Quero parabenizar o clube, a torcida maravilhosa que teve tanto carinho comigo e com os outros jogadores. Ela (a torcida) viveu momentos de muita alegria e de tristeza, mas nunca abandonou o barco, sempre foi fiel ao nosso querido Santos Futebol Clube”.

Só o Santos parou a guerra

Conflitos sempre foram registrados na história da humanidade e o esporte constantemente é apontado como a melhor forma de promover a paz. Prova da veracidade da tese é o Santos, que através do futebol conseguiu parar guerras.

Nos anos 60, quando o Santos excursionava pela África, a equipe brasileira se deparou com uma situação de conflito civil no Gabão. Mesmo sob recomendações de não ir ao país, a equipe brasileira recebeu uma garantia do então presidente local, Omar Bongo, de cessar dos conflitos para que a população pudesse ver Pelé.

O rei guarda boas recordações do momento. “Há pouco tempo estive no Gabão assistindo a Copa das Nações Africanas. Por coincidência, estava justamente onde o Santos parou a guerra. A maior coincidência é que o Presidente da República, Sr. Ali Bongo Ondimba, era o filho do Presidente da Republica daquela época. Foi uma emoção muito grande”.

Serginho Chulapa, o maior artilheiro pós-Pelé

A Era Pelé havia chegado ao fim e o torcedor santista buscava mais um jogador para transformá-lo em ídolo. Em 1983 chegava ao clube aquele que se tornaria o maior artilheiro da história após Pelé ter parado de jogar: Serginho Chulapa.


Logo em seu ano de estreia, o atacante já se tornou o artilheiro do Campeonato Brasileiro e conduziu o Santos ao vice-campeonato da competição. Na temporada seguinte veio a consagração. Serginho foi o principal jogador da conquista do título paulista de 1984.

O título é, para ele, seu ponto alto no Santos. “Em 1983 o time fez uma grande campanha (vice-campeão brasileiro) e 84 foi o grande ano. Foi ali que minha passagem no Santos foi marcada, pois aquele Campeonato Paulista foi uma conquista de muita importância. Naquela oportunidade, tínhamos no estádio mais torcedores do Santos do que do Corinthians e a torcida estava eufórica esperando a conquista do título. A emoção foi grande, da cidade que parou, a maneira que foi. Era um time muito bom e não podia decepcionar”.

Com 104 gols marcados, o ex-jogador orgulha-se de fazer parte da história do clube. “Fico muito feliz. Fazer história em um clube como o Santos, onde jogou o maior do mundo, é uma felicidade grande para mim. Temos uma torcida feliz com o time e que está vivendo um grande momento, porque 100 anos não é pra qualquer um”.

A raça que conquistou a torcida

Poucos jogadores da atualidade são tão queridos pela torcida santista como o lateral-esquerdo Léo. Com 400 jogos vestindo a camisa do Santos e 23 gols marcados, o jogador é praticamente unanimidade entre os santistas.



Um torcedor dentro de campo, Léo se mostra muito feliz por fazer parte da história do clube. “Para mim é um grande orgulho. Por tudo o que o Santos representa para o futebol Mundial, fazer parte desta história com 400 jogos e títulos é muito mais do que eu poderia sonhar quando me tornei um atleta profissional”.
Autor do gol que garantiu o título brasileiro de 2002, ele considera esse jogo como o grande momento de sua carreira. “Com certeza, aquele título foi o ponto alto de minha carreira e o jogo mais marcante também. Eu cheguei ao clube em 2000, em meio àquele jejum de títulos e sabia muito bem o que representava conquistar o Brasileirão, ainda mais em cima do Corinthians. E marcar o último gol do campeonato, no Morumbi lotado, foi a chamada cereja do bolo”.

Apelidado de ‘guerreiro’, Léo deixou um recado para a torcida. “Gostaria de dizer o orgulho que tenho de fazer parte da história do Santos e que procurei honrar essa camisa em cada um dos 400 jogos que disputei. Um grande abraço a toda a família santista!”


Os protagonistas do centenário

Se qualquer pessoa for questionada sobre quem são os protagonistas da atual equipe do Santos, provavelmente a resposta da grande maioria será a mesma: Ganso e Neymar. Formados no clube, os dois já tem sua história gravada no centenário santista.

Tendo a honra de vestir a gloriosa camisa 10, Ganso falou sobre sua relação com o Santos. “É um prazer imenso jogar, ainda mais com a 10 do Pelé. Também é prazeroso saber que o Santos é abençoado por criar tantos craques de bola. Ainda falta conquistar muito mais, o brasileiro, a Recopa, o Mundial. Eu sou muito feliz aqui no Santos e jogar com essa camisa é sensacional”.

Grande esperança do futebol brasileiro, Neymar é unanimidade entre os santistas. Quebrando recordes e fazendo história no Santos, o atacante, considerado um dos melhores do mundo, mostrou seu orgulho de ser um menino da Vila. “São sete anos de clube e todos os momentos foram maravilhosos. A estreia, o primeiro dia que treinei no CT Rei Pelé, a primeira convocação. É uma felicidade muito grande, uma honra enorme representar o Santos de tantos craques, como o Rei do Futebol. Espero fazer um ótimo ano com títulos para essa torcida que sempre nos apoia”.

Fonte: Vinícius Carrilho - Site Federação Paulista de Futebol
*Colaboraram Guilherme Amaro e Vinicios Oliveira.

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